As fintechs Edmond e Agropermuta firmaram uma parceria com o objetivo de viabilizar a implantação de projetos de energia solar nas propriedades rurais através do comprometimento da produção futura do agricultor. A expectativa é chegar até o fim do ano com algo entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões em contratos assinados, com obras de usinas fotovoltaicas já iniciadas.
Foto: Valmont/divulgação
Os executivos das empresas afirmam que a ideia surgiu há um ano. Segundo eles, a intenção foi combinar a atuação das duas fintechs em suas áreas. A Edmond é especializada em energia.
A Agropermuta atua no agronegócio em diversas áreas, como armazenagem, irrigação e maquinário agrícola.
A parceria surge em um cenário que avaliam como positivo para os investimentos em energia solar no campo. E também em meio a discussões regulatórias no Congresso
Nacional que podem estabelecer um novo marco legal para a chamada geração distribuída, na qual a energia solar fotovoltaica responde pela maior parte da potência instalada no país.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) compilados no início de abril ( números mais recentes divulgados no site da entidade), o meio rural responde por 13,1% da potência em geração distribuída solar no Brasil. São 678 Megawatts, atrás apenas dos consumidores residenciais e do comércio e serviços.
“O solar no campo tem aumentado sempre mais. Como uma fintech de soluções financeiras para o mercado de energia, especialmente geração distribuída, não poderíamos deixar de fora o relacionamento com os produtores rurais”, explica Jackson Chirollo, CEO da Edmond.
Em um primeiro momento, os negócios devem se concentrar em projetos de usinas de 100 kW a 500 kW, com posterior expansão para estruturas de maior capacidade, afirma o executivo. A carteira de clientes deve ser formada, inicialmente, com produtores de grãos em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
Mas a expectativa é levar a solução financeira para outros estados a partir de outubro ou novembro.
Pelo modelo de negócio, a Edmond atuará como originador da operação, através de sua estrutura digital e de uma rede de integradores, empresas prestadoras de serviços que instalam as usinas fotovoltaicas.
Os integradores emitem as propostas. A fintech faz a análise e entra como parte contratada, responsável por garantir a entrega dos equipamentos, instalação e inicialização da usina.
Segundo Chirollo, atualmente o agronegócio representa em torno de 20% a 25% do volume financeiro movimentado pela companhia. A partir dessa nova parceria, a expectativa é passar para algo em torno de 40% até o final do ano.
“A solução para o agro encerra um dos pilares de solução financeira para energia. A quantidade de pedidos é menor, mas o valor é muito expressivo. O solar no agro, a união dessas duas coisas, dá valores expressivos nos negócios”, explica, ressaltando que projetos costumam estar, no mínimo, acima de R$ 250 mil ou R$ 300 mil.
Da parte da Agropermuta, a responsabilidade é a de formatar a operação financeira com o produtor rural, avaliando a viabilidade do cliente comprometer sua produção com o projeto a ser implantado na propriedade. John Alex Kalef, diretor executivo da empresa, explica que todo o processo por ser feito de forma digital.
O pagamento será feito por meio de uma CPR Financeira, que pode ter como lastro até três safras futuras, já que a quitação do investimento será feita em três parcelas anuais. E, segundo o executivo, ferramentas de inteligência artificial são usadas para fazer o monitoramento da lavoura do produtor para garantir a execução do contrato.
“Você tem um financiamento empacotado através de uma permuta com lastro em uma CPR Financeira. Não tomamos garantia na forma de terra. A garantia é a própria usina solar e a produção serve de lastro. Uma vez que ele faz o pagamento, damos baixa na proporcionalidade da garantia”, diz Kalef.
A intenção, acrescenta ele, foi criar um modelo de financiamento que se baseasse na manutenção do fluxo de caixa positivo do produtor rural. E que ele pudesse incluir na propriedade uma usina solar fotovoltaica sem que precisasse ter desembolso ou mesmo recorrer a crédito no sistema financeiro tradicional.
“A capacidade de financiamento do produtor é finita. Se ele aloca parte da capacidade dele para investimentos, o cobertor fica curto. O intuito desse meio de pagamento é fazer com que a safra futura seja o crédito e poder alavancar esse investimento sem que constitua uma tomada do seu limite bancário”, explica.
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Innovatis Engenharia e Sustentabilidade
Kalef ressalta que o agronegócio caminha para uma tendência de maior digitalização. E pontua que ainda há o que chama de “latência” de novas formas do produtor melhorar sua produtividade.
Nesse sentido, o investimento em energia solar pode ser uma alternativa interessante.
“Hoje o mercado agrícola demanda muito crédito e vem passando nos últimos anos por uma mudança brusca, com menos espaço para programas estatais e mais envolvimento de financiamento privado”, diz ele.
Na Agropermuta, a expectativa é de ampliar a participação da energia solar nos resultados. “A energia solar representa um mínimo de 40% disso, podendo chegar a 60%, porque a gente acredita que é um mercado com uma latência muito grande de demanda em propriedades rurais e um mercado que tem um caminho pelo crédito a ser desbravado”, analisa o executivo.
Jackson Chirollo, da Edmond, afirma ainda que a contratação prevê ainda que o produtor tenha sua usina solar fotovoltaica enquadrada em critérios de sustentabilidade. Segundo ele, todas as instalações serão registradas em plataforma internacional que permite classificá-las como geradoras de energia renovável.
Assim, no vencimento de cada parcela do financiamento, explica, será entregue ao proprietário da usina uma certificação, pela qual ele poderá comprovar a redução das emissões de carbono relativas à produção de energia solar. “Automaticamente, ele está se enquadrando em requisitos de ESG. Então, amanhã ele pode também gerar títulos verdes”, diz o executivo.
Fonte:
Absolar, com base em dados da Aneel compilados em 5 d abril de 2021 (Foto: Absolar)
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