O custo dos equipamentos fotovoltaicos caiu 80% em relação ao início da adoção da tecnologia no país

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As crises econômicas e sanitária impediram um voo mais alto de fabricantes de equipamentos, fornecedores e instaladores de sistemas de energia solar, mas ainda assim os negócios cresceram mais de 60% no ano passado.
O setor movimentou R$ 13 bilhões em investimentos. O custo dos equipamentos fotovoltaicos subiu de 10% a 20%, em parte por causa do câmbio, mas ainda assim fechou 80% mais barato em relação ao início da adoção da tecnologia no país.
De grandes a pequenas empresas, todas estão otimistas. A WEG, multinacional brasileira de equipamentos eletrônicos, com operações em 12 países, acaba de investir em um centro de distribuição exclusivo para produtos solares em Itajaí (SC).

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Também inaugurou uma nova fábrica de eletrocentros solares – equipamentos de alta tecnologia e importantes nas aplicações de usinas de grande porte – em Minas Gerais já com encomenda de 69 unidades para a Vale.
“O Brasil tem um índice solarimétrico privilegiado e, aliado à queda dos custos de equipamentos, espaço para crescimento da energia solar com a redução gradual do tempo de retorno do investimento”, diz Manfred Peter Johann, diretor-superintendente da WEG Automação.
A Crizel, pequena empresa do Rio Grande do Sul especializada no serviço de instalação de sistemas fotovoltaicos ligados à rede, com 336 projetos realizados 172 deles apenas em 2020, surfa na onda do setor.
Todos os meses projeta e vende de 15 a 20 sistemas. Quase 90% são residenciais. A pandemia freou um pouco os negócios, mas o fôlego foi recuperado.

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“O sistema fotovoltaico se beneficia do efeito boca a boca”, diz o engenheiro civil Pedro Crizel, dono do negócio.
“Foi o melhor ano da energia solar no país”, diz Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
A entidade criada em 2013 que reúne os principais integrantes da cadeia de valor: fabricantes de matéria-prima e equipamentos fotovoltaicos, empresas de instalação e geradoras de energia.
O setor reúne de 15 mil a 20 mil empresas. Quarenta são fabricantes nacionais de equipamentos, mas a maioria são micro e pequenos negócios com atuação local ou regional.
Que fornecem serviços de engenharia e instalação de fontes de energia solar para pequenos consumidores: 75% dos sistemas estão em residências, 15% em pequenos comércios, como padarias, e 7% em propriedades rurais.
Alguns grandes fornecedores de energia completam o segmento. É o caso da multinacional Enel e sua subsidiária Enel Green Power, que desenvolve e opera instalações de energia renovável em todo o mundo.
No Brasil, é líder em geração solar e eólica. São 979 megawatts de capacidade instalada solar. A empresa investe cerca de R$ 5,6 bilhões na construção de cinco novos empreendimentos eólicos e solares que somam ao todo 1,3 gigawatts de capacidade.

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Os projetos estão no Nordeste e contribuem para a retomada econômica com a geração de 15 mil empregos diretos e indiretos.
Um deles é o São Gonçalo III – segunda expansão do complexo solar São Gonçalo, em São Gonçalo do Gurguéia (PI).
Trata-se do maior empreendimento solar da América do Sul. Hoje, já produz 608MW. Serão mais 256MW com a ampliação.
Todo o complexo solar soma R$ 2,5 bilhões de investimentos. São R$ 2,2 milhões de painéis solares que evitarão a emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera a cada ano.
São Gonçalo é a primeira planta da Enel no Brasil a usar módulos solares bifaciais, que captam energia solar de ambos os lados do painel, com aumento de até 18% na geração de energia.

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“O Brasil tem grande apetite pela energia lima e mais eficiente”, diz Roberta Bonomi, responsável pela Enel Green Power.
“A energia solar fica cada vez mais competitiva porque a conta de luz fica sempre mais cara”, afirma Rodolfo Meyer, presidente do Portal Solar, uma espécie de central de disseminação de informações sobre energia solar que todo mês recebe a adesão de 400 novas empresas.
A tramitação do projeto de lei 5.829/2019, com o marco legal para a geração própria de energia, pode ser decisiva para a impulsão dos negócios.

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“A manutenção das propostas no projeto motivará os clientes a migrarem para a energia solar”, diz Pablo Larrieux, diretor de marketing do Solar Group, líder em estruturas de fixação no mercado de geração distribuída brasileiro com apenas cincos anos de atuação e um portfólio de suportes para 1 gigawatt de geradores fotovoltaicos.
No começo do ano, projetava crescimento de 115%, mas refez as contas com recrudescimento da covid-19. Nada que derrube o otimismo por mais um ano de sucesso.
Fonte: Valor Econômico
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