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Na Índia, energia solar já tem o mesmo preço que o carvão

Na Índia, energia solar já tem o mesmo preço que o carvão

Em 2020, espera-se que esta seja a fonte principal de energia do país.


O objetivo é diminuir a emissão de gás carbônico e garantir o acesso de toda a população à eletricidade


Imagem: Divulgação


A Índia tem um problema sério de energia. De seus 1,2 bilhão de habitantes, 300 milhões não têm acesso à rede elétrica nacional, e grande parte das cidades estão sujeitas a apagões.


Além disso, 60% da energia do país é gerada pela queima de carvão – um processo que emite muito CO2.


O país tem 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo. Mas o ministro da energia, Piyush Goyal, afirmou que a energia solar pode ser a solução: pois alcançou um custo de produção quase igual ao do carvão.



Segundo Goyal, o preço do quilowatt-hora de energia solar atingiu 6 centavos de dólar, sendo que o do carvão varia entre 5 e 6 centavos.


Esse barateamento aconteceu porque, já há algum tempo, o país vem investindo em tecnologia e em infraestrutura para a implantação da energia solar no país – tudo por causa de uma promessa do primeiro ministro, Narendra Modi.


Imagem: Divulgação


Desde 2014, Modi vem trabalhado em um plano para substituir o carvão, principal fonte de energia da Índia, pela energia solar até 2022.


A ideia é tornar o país capaz de gerar 100 gigawatts de energia solar no período – para se ter uma ideia, os EUA só conseguem produzir 20.



O objetivo é ambicioso e difícil de alcançar, já que algo assim nunca foi realizado antes por outras nações.


Mesmo assim, a Índia tem trabalhado duro para cumprir a promessa: no ano passado, construiu o primeiro aeroporto do mundo que funciona apenas com energia solar, que fica na cidade de Cochim, e projetou a maior estação de produção de energia solar do mundo, que ficaria no estado de Madhya Pradesh.


Imagem: Divulgação


Além disso, durante a Conferência das Partes (COP-21) da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a Índia também assinou um acordo junto com os 121 outros países que mais poluem no mundo, com o objetivo de unir forçar para investir em energia solar – uma iniciativa que tem sido chamada de aliança solar.



Com todo esse investimento, o custo de produção caiu – e a projeção da Índia é que em 2020 o preço da energia solar esteja 10% mais baixo que o do carvão.


É uma boa notícia, inclusive porque o consumo de energia da Índia deve dobrar até 2030.


Imagem: Divulgação


E o planeta também agradece.


Energia solar ganha fôlego na Índia


Até pouco tempo atrás, o noticiário sobre o setor energético da Índia se resumia basicamente ao poluente carvão, que é a principal fonte de energia por lá.



Isso começou a mudar quando o país anunciou seu plano bilionário para alavancar a energia solar, em meados de 2015. Hoje, seguindo tendência mundial, a Índia começa a colher os frutos.


O país acaba de ultrapassar o patamar de 50 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energias renováveis (excluindo hidrelétricas), representando 15% da matriz energética.


Imagem: Divulgação


A energia solar, com preços em queda, está puxando o setor. Para se ter uma ideia, as ofertas iniciais para o primeiro grande leilão solar de 2017 mostram um recorde de baixa: US$ 53.50/MWh, 16% menor em relação ao ano anterior, conforme dados do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA).


O projeto de Plano Nacional de Eletricidade da Índia, lançado em dezembro de 2016, prevê expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energias renováveis para 258 GW até 2027.



Isso reduziria a atual participação de 66% das térmicas na geração de energia na Índia para 43%, o que ajudaria a tornar o país independente das importações de carvão.


“Os custos por unidade de energia estão caindo. Esses preços são comercialmente viáveis e provavelmente vão diminuir novamente em 2018, e depois em 2019, já que os custos da energia solar vêm caindo globalmente em 10% ao ano”, prevê Tim Buckley, diretor de Estudos de Finanças de Energia do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA), em comunicado à imprensa.


Imagem: Divulgação


A questão também assume importância tremenda dado os compromissos assumidos pela Índia na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — o país é o maior emissor de gases de efeito estufa após os EUA e a China.


Considerando que a demanda indiana por eletricidade deverá crescer 3,8 vezes entre 2017 e 2040, quanto mais renováveis melhor para o país e melhor para o Planeta.


Custos em queda, projetos em alta



Diversos fatores contribuem para queda no custo da eletricidade solar na Índia. Em primeiro lugar, os preços dos painéis solares caíram 30% em relação a 2016.


Em segundo lugar, os custos dos financiamentos também caíram e a taxa de câmbio da Índia se estabilizou, permitindo que os valores em dólar da tecnologia gerassem um valor menor em rupia indiana.


Imagem: Divulgação


Além disso, o acesso ao capital global para projetos de infraestrutura renovável na Índia está se expandindo rapidamente, o que beneficia o mercado de trabalho: os instaladores indianos estão aprendendo com a prática a usar as mais recentes tecnologias.



Soma-se a tudo isso a existência de uma entidade do governo central que fornece apoio financeiro a projetos da área (a Corporação de Energia Solar da Índia – SECI) e de uma proteção de inflação parcial por meio de indexação.


As perspectivas para o setor são promissoras. Na próxima década, as necessidades de investimento do setor elétrico indiano deverão se aproximar de US$ 1 trilhão — uma oportunidade de investimento suficientemente grande para chamar a atenção das grandes multinacionais.


O primeiro grande leilão de energia solar na Índia atraiu ofertas de conglomerados de energia do país (por exemplo, o grupo Adani, Aditya, Hero, em parceria com a Foxconn de Taiwan), as principais empresas de serviços públicos globais (ENEL da Itália, GDF da França) e também as empresas especializadas em energias renováveis indianas (ReNew Power) apoiadas por financiadores globais (ADB, Goldman Sachs e JICA do Japão)


Fonte: Solenerg

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