Projetos visam promover redução de custos, educação ambiental e capacitação profissional.
Imagem: Divulgação
A relação energia solar fotovoltaica e questões sociais foi abordada na sessão “Fazendo negócios na geração distribuída solar FV”, realizada no segundo dia do congresso da Intersolar South America 2022.
Durante sua apresentação, Eduardo Ávila, diretor executivo da Revolusolar, destacou o poder de transformação social da geração solar distribuída.
A ONG fundada em 2015, na favela da Babilônia, no Rio de Janeiro, visa promover o desenvolvimento sustentável de comunidades de baixa renda através da energia fotovoltaica.
A Revolusolar instala sistemas solares nas comunidades com o objetivo de reduzir custos com as contas de energia e promover o empoderamento local.
Os projetos são financiados através de subvenções e patrocínios a fundo perdido. A entidade também promove programa de capacitação da população local, formando instaladores solares e eletricistas.
Outra atividade é o Programa de Educação Ambiental (PEA), que envolve diferentes temas de sustentabilidade, a fim de sensibilizar e conscientizar a população local, em especial as crianças e os adolescentes, em relação aos problemas ambientais.
O trabalho da ONG já recebeu alguns reconhecimentos nacionais e internacionais.
Ávila destacou durante sua palestra o alto nível de pobreza energética existente no Brasil, a qual é definida tanto sob o aspecto de acesso físico à rede elétrica quanto a preços da energia.
“Sem capacidade de pagamento da conta de energia, as famílias têm acesso muito limitado, e muitas acabam realizando conexões ilegais.
Quase metade da população brasileira gasta mais do que a metade do seu orçamento familiar com luz e gás”, afirma o diretor.
Ele chamou atenção para o fato de que o problema não atinge só os mais pobres. “No Rio, por exemplo, a questão do preço faz com que muitos migrem para o ‘gato’. Hoje, na Light mais de 20% da energia distribuída é furtada.
Com isso, a conta de luz no Rio de Janeiro fica 17% mais cara. Então é um problema de todo mundo”.
De acordo com Avila, mais de 80% dos brasileiros fazem parte das classes C, D e E e não têm acesso a crédito nem capital inicial para investir em projetos solares, tornando necessário o desenvolvimento de novos modelos de negócio que caibam no bolso dessa população e favoreçam impactos sociais positivos da geração solar distribuída, como a redução de despesa e a possibilidade de geração de emprego.
"A Revolusolar tem um programa de formação profissional dos moradores, que ensina a fazer instalação e manutenção dos sistemas, produzindo um valor operacional, com geração de renda e emprego na comunidade".
Outro benefício da geração distribuída apontado pelo diretor, principalmente no autoconsumo local, é a aproximação do debate sobre sustentabilidade.
"Temos oficina sobre geração distribuída com as crianças e adolescentes, e elas repassam esse conhecimento para as famílias na comunidade, permitindo conscientização e formação de multiplicadores para a nova economia de baixo carbono".
Como impacto social positivo, o diretor destaca ainda a possibilidade de surgimento de novos modelos de organização institucional de base comunitária, como a cooperativa de energia solar em favelas, cujo piloto foi instalado no telhado da associação de moradores da comunidade da Babilônia.
Neste sistema, os créditos gerados são compensados na conta de luz dos moradores, que pagam metade da economia obtida para a cooperativa.
"Percebemos que, quando a geração é dentro da comunidade, aumenta o senso de engajamento e também a adimplência. A ideia é de que eles façam a gestão da cooperativa".
Imagem: Divulgação
A Revolusolar também está realizando outro piloto na região central do Rio de Janeiro e planeja construir no próximo ano o primeiro bairro solar na cidade.
Na Amazônia, está instalando um piloto numa comunidade indígena, a fim de beneficiar uma escola e o sistema de bombeamento de água.
Para o próximo ano, o plano é construir uma microrrede comunitária para as 35 famílias da localidade e formar, em conjunto com o Instituto Federal do Amazonas, instaladores de energia solar na região.
Fonte: Fotovolt
Comentários