Dados recentes de consultoria internacional comprovam que as empresas de tecnologia com foco em sustentabilidade representam, hoje, segmento em franca expansão
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Com consumidores cada vez mais conscientes e empresas focadas nas melhores práticas de ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), o tema sustentabilidade ganhou relevância e hoje tem atraído uma legião de empreendedores dispostos a investir em start-ups de impacto socioambiental, também conhecidas no mercado financeiro como greentecs.
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Trata-se de um segmento em franca expansão. De acordo com um relatório recente da consultoria Allied Market Research, o volume de recursos alocados em greentechs deve saltar de US$ 6,8 bilhões em 2018 para US$ 44,6 bilhões em 2026.
Dono de uma biodiversidade única no planeta, o Brasil certamente vai atrair boa parte desse capital, o que deve o que deve fomentar ainda mais a bioeconomia no país.
"Existe um interesse muito grande neste segmento. Do ponto de vista do investidor, é uma oportunidade de melhorar o mundo e ainda ter um retorno financeiro", afirma Paulo Bellotti, diretor-executivo da MOV Investimentos, gestora que atua há mais de uma década na aceleração de start-ups de impacto.
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"É um movimento que não tem volta. Quem não se atentar a isso, tende a ficar para trás."
Os números comprovam essa tendência. Segundo Bellotti, a MOV investiu nos últimos cinco anos um total de R$ 60 milhões em sete projetos de cunho ambiental no Brasil.
Desde então, o fundo atraiu mais R$ 1 bilhão em recursos no mercado. "As pessoas não estão fazendo doações. Estão em busca de retorno, porque acreditam que a economia está indo nessa nessa direção", explica o gestor.
Com um portfólio diversificado, a MOV investe hoje em agricultura orgânica, empresas de sementes, energia solar, no sensoriamento remoto de propriedades rurais e na geração de carbono por meio da reforma de pastagens degradadas ou da regeneração de matas nativas - esse último, um negócio que vem crescendo exponencialmente nos últimos três anos.
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Entre as empresas aceleradas pela MOV está a Biofílica, fundada em 2008 com o objetivo de valorizar a floresta em pé e, com isso, gerar renda para os donos das terras através da venda de créditos de carbono no mercado voluntário, tanto no Brasil quanto no exterior.
Remunerados pelos serviços ambientais prestados, os produtores ganharam um estímulo a mais para preservar, enquanto a start-up se tornou referência na comercialização desses ativos tão valiosos nos dias de hoje.
Entre os clientes da Biofílica figuram os principais bancos brasileiros, gigantes do setor de energia e telecomunicações, além de outras grandes empresas que buscam compensar as suas emissões de carbono, uma demanda tanto dos clientes quanto de seus acionistas e investidores.
"Os primeiros sete anos foram muito difíceis", relembra Bellotti. "O mercado de carbono demorou mais do que o previsto para se consolidar.
A virada veio com esse movimento atual de redução de emissões. A empresa começou a dar retorno em 2019, 2020 foi um ano excelente e 2021 está sendo muito bom também."
De acordo com o gestor, a regeneração de áreas degradadas segue no radar da MOV. Segundo ele, o Brasil tem hoje 64 milhões de hectares de áreas cultivadas - e a mesma área em pastagens degradadas.
Trata-se, portanto, de um segmento com um potencial gigantesco de crescimento, seja através de implementação de projetos de integração lavoura-pecuária-floresta ou o simples reflorestamento visando o mercado de carbono. "É aí que estão as grandes oportunidades de negócios hoje", conclui Bellotti.
Fonte: valor.globo.com
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