Cerca de 30 empresas e especialistas já confirmaram presença em palestras e bate-papo da segunda edição do Summit Solar. Evento será gratuito, beneficente e totalmente on-line
Imagem: Divulgação
Mesmo em um ano marcado por uma pandemia e por crise econômica, o mercado de energia solar cresceu 64% no Brasil e gerou cerca de 130 mil empregos. O país fechou 2020 com 344.608 micros e minissistemas fotovoltaicos instalados que, somados às usinas solares, respondem por mais de 9 GW de capacidade operacional. Até 2030, governos e associações do setor estimam uma produção de até 22 GW de energia solar distribuída.
O crescimento constante na última década ajudou a popularizar a energia solar fotovoltaica no país, e os investimentos públicos e privados junto aos financiamentos e linhas de crédito para a aquisição e instalação de equipamentos fizeram os custos caírem em torno de 90% nesse período. No entanto, estamos longe de utilizar o potencial de radiação do país, que é aproximadamente 20 vezes maior que a capacidade de produção energética instalada atualmente.
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Para repensar o uso da energia solar fotovoltaica e debater sobre o mercado atual e o futuro dessa importante matriz energética no Brasil e na América Latina, a Pieta.tech vai unir grandes nomes do setor no Summit Solar em um evento gratuito, beneficente e on-line para promover o conhecimento e o networking. Mais de 20 empresas e especialistas já confirmaram presença como palestrante.
Além da participação em palestras e outras conversas, as empresas realizarão uma contribuição com a doação de cestas básicas para instituição beneficente escolhida pela organizadora do evento, em parceria com a Rede Somar Floripa.
Com formato inovador, o Summit Solar trará palestras contínuas entre os dias 24 e 25 de julho, sendo esperadas cerca de 25 horas de conteúdo ao vivo. As inscrições estão abertas, gratuitamente, e podem ser feitas no site do evento.
Crise hídrica
Vinte anos após a estiagem recorde de 2001, os reservatórios das principais usinas hidrelétricas do Brasil se encontram novamente em processo de esvaziamento, o que causa necessidade de racionamento de energia, aumento na conta de luz e ameaça de “apagão”. De acordo com Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a escassez de chuvas no país para a geração de energia já é a mais grave em 91 anos.
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— Na crise hídrica de 2001, que provocou racionamento de energia elétrica, o socorro veio das termelétricas. Naquela época, 20 anos atrás, a geração fotovoltaica era coisa de “cientista maluco”, ninguém levava a sério e acreditava neste tipo de geração. Nesta nova crise hídrica que se projeta, as termoelétricas ainda continuarão sendo o principal socorro energético, porém a geração fotovoltaica já passará a contribuir de forma efetiva no fornecimento de energia elétrica limpa para o país — explica Uriel Horta, engenheiro eletricista e CEO da Treineinsite, palestrante do Summit Solar.
O engenheiro acredita que a geração fotovoltaica já desempenha um papel de protagonismo na matriz energética brasileira, graças aos incentivos proporcionados pela resolução normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que promove um círculo virtuoso de crescimento da energia solar no país desde 2012.
Em apenas seis anos, em 2018, o país chegou ao primeiro gigawatt de geração, e os investimentos no setor permitiram que chegasse a 9 gigawatts em 2021.
Embora o mercado esteja em expansão, e a utilização da energia solar fotovoltaica traga inúmeros benefícios econômicos e ambientais, Uriel faz um alerta sobre a necessidade de que sejam mantidos os incentivos para a instalação, produção e distribuição dessa modalidade energética.
— Apesar de desempenhar um grande papel complementar à geração hídrica, que é nossa principal fonte energética, a geração fotovoltaica tem seu crescimento ameaçado pelas ações da ANEEL que busca retirar os incentivos concedidos na resolução 482 — afirma.
Ele destaca, ainda, a importância do projeto de lei, PL 5829/2019, que cria o marco regulatório da geração distribuída, visando garantir o direito de o consumidor poder gerar sua própria energia. A aprovação desse projeto de lei, que teve regime de urgência aprovado em maio deste ano pela Câmara dos Deputados, é fundamental para garantir que a energia solar continue sendo um investimento atrativo e possa continuar sua trajetória de crescimento.
Mercado latino-americano está em crescimento e Brasil lidera a expansão
Recentemente, o CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Suaia, afirmou que o mercado de energia solar da América Latina é o mais dinâmico do mundo. Isso porque, além de estar localizado em áreas de boa incidência de luz solar, a região é formada por países jovens e em desenvolvimento. A perspectiva de crescimento populacional desses países gera aumento de demanda de energia elétrica, proporcionando um grande mercado com alto potencial de investimento.
Além do Brasil, que tem o maior mercado de energia elétrica da região, outros países latino-americanos vêm somando esforços a fim de aumentar a capacidade solar instalada. De acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) apresentado em novembro de 2019, países da América Latina e do Caribe podem aumentar sua capacidade solar instalada em 40 vezes até 2050.
A perspectiva da Agência Internacional é de que a solar seja a segunda maior fonte de energia em duas décadas, atrás somente da eólica, e seja responsável por cerca de 25% da produção energética global.
Para o Brasil, a ABSOLAR estima um acréscimo de 4,9 GW em potência instalada de energia solar fotovoltaica em 2021, o que significa um aumento de 68% em relação a 2020, graças aos avanços tecnológicos e às medidas da ANEEL, que permitem baratear os custos de produção, importação, instalação e distribuição de energia fotovoltaica.
— A evolução das tecnologias de armazenamento, como baterias, promete revolucionar o segmento de energia solar nos próximos anos. Ao constatarmos que nossa principal matriz energética (hídrica) foi consolidada ao longo de mais de um século, não é difícil imaginar a energia solar assumindo a liderança da matriz energética brasileira nas próximas décadas — aponta Uriel Horta.
Integrar energia solar e arquitetura é um desafio da construção civil
O setor de construção civil é peça-chave para o desenvolvimento do país. Mas, se por um lado, é um dos principais responsáveis pelo crescimento da economia, por outro, é um dos que mais causam impactos negativos – como desperdício de água, poluição atmosférica, alto consumo energético e geração de grande volume de resíduos lançados ao meio ambiente.
Nesse cenário, o uso da energia solar fotovoltaica tem sido uma importante aliada de empresas que prezam pela sustentabilidade.
Em outra palestra confirmada no Summit Solar, Clarissa Zomer, Arquieta, doutora em Engenharia Civil e pesquisadora do grupo FotovoltaicaUFSC (da Universidade Federal de Santa Catarina) vai falar desses desafios da construção civil e mostrar alguns segredos para que a integração fotovoltaica na arquitetura tenha sucesso.
Clarissa aponta os avanços na tecnologia fotovoltaica como fundamentais para o aumento da eficiência de conversão energética, para a otimização e aprimoramento do design dos equipamentos, tornando os módulos mais atraentes esteticamente, ampliando seu uso como elementos de edificações.
— Esta combinação de resultados tem impulsionado, de forma crescente, a adoção da tecnologia fotovoltaica integrada à arquitetura. No entanto, apesar do grande número de bons exemplos espalhados pelo mundo, estamos ainda começando a incorporar esta tendência no Brasil — afirma a arquiteta.
Hoje, a instalação de painéis fotovoltaicos não se restringe mais a uma parte do telhado. As placas, assim como conversores, podem estar em fachadas, colunas, garagens, sem prejuízo ao projeto arquitetônico. Clarissa ressalta, porém, que os projetistas precisam estar familiarizados com o funcionamento dos equipamentos para aliar qualidade estética e desempenho energético.
— Existem vários fatores que podem comprometer significativamente a geração energética em um sistema fotovoltaico, como a posição dos módulos, pontos de sombreamentos parciais, o estado de limpeza do sistema e a temperatura de operação.
Para cada fator, existem estratégias que minimizam as perdas energéticas sob tais condições. Aliar estética e desempenho energético, portanto, não é uma tarefa tão simples. O segredo para atingir este equilíbrio é o trabalho realizado por uma equipe multidisciplinar, somando expertises de arquitetura e engenharia — conclui.
Fonte: nsctotal
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