Quase um terço da eletricidade gerada pelos sistemas solares fotovoltaicos atende o aumento do consumo, o que levanta questões para as políticas públicas.
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De acordo com uma análise de pesquisadores do Ivan Allen College of Liberal Arts do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech).
Consumidores residenciais que instalam painéis solares acabam usando mais eletricidade do que antes, uma constatação que pode ter implicações no planejamento energético e nos esforços de mitigação das mudanças climáticas.
O estudo de Daniel Matisoff e Ross Beppler, da Escola de Políticas Públicas, e Matthew Oliver, da Escola de Economia, descobriu que quase um terço da eletricidade gerada por clientes com energia solar de uma concessionária do leste dos EUA foi destinado a alimentar o aumento do uso de energia.
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As descobertas, publicadas on-line na “Economic Inquiry”, são consideradas importantes para planejadores de serviços públicos que buscam maneiras de incentivar a adoção responsável de energia solar em meio ao apelo crescente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Os pesquisadores descobriram que, na média, a geração solar passou a responder por cerca de 56% do que os clientes usavam antes de instalar os painéis FV do telhado, mas seu consumo da energia da rede caiu apenas 40%.
Nos clientes da mesma concessionária que não instalaram energia solar, o consumo de eletricidade permaneceu inalterado.
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A diferença de 28% entre os dois números é chamada pelos economistas de "efeito rebote", que ocorre quando os ganhos esperados de eficiências de energia são perdidos para o aumento do consumo.
Um exemplo: quando alguém compra um carro que consome menos combustível, dirige mais porque o custo por quilômetro caiu, o que acaba anulando parcialmente os ganhos de redução do consumo esperado pelos formuladores de políticas.
Outros estudos já encontraram efeitos rebote no segmento de energia solar, diz o estudo.
O que os diferencia do trabalho do Georgia Tech é que este é o primeiro a usar dados de faturamento direto de toda a base de clientes de uma concessionária ― cerca de 500 mil consumidores , incluindo 8000 clientes com energia solar.
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E sua descoberta de um efeito rebote de 28% também é mais significativa que as de outros estudos, que encontraram efeitos entre 11% e 20%.
O modelo também foi construído para fornecer uma visão melhor sobre o que impulsiona esse aumento do consumo.
“As descobertas indicam que as pessoas estavam suprimindo parte do uso de eletricidade porque se sentiam mal com as emissões”, disse Daniel Matisoff.
“Como a energia solar é mais ‘verde’, elas sentem como se tivessem uma ‘licença moral’ para usar mais energia.”
Outra explicação, segundo o pesquisador, pode ser que quando os consumidores migram para a energia solar, às vezes também trocam seus veículos movidos a combustíveis por modelos a eletricidade.
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Assim como aquecedores de água e outros aparelhos, para tirar proveito da nova fonte de energia mais limpa.
Isso não é necessariamente um problema ambiental ― pelo menos não agora, diz Matisoff.
Mas um efeito rebote significativo vinculado à energia solar de telhados afetará a demanda geral de energia e resultará em complicações para o planejamento, gerenciamento e confiabilidade da geração de energia, de acordo com os autores.
Tais questões não são insignificantes quando se considera a previsão feita pela Agência Internacional de Energia Renovável, de que a capacidade de energia solar FV atingirá 8000 GW e fornecerá 6% da eletricidade global até 2050.
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“O insight crucial é que 1 gigawatt de energia solar residencial fornece consideravelmente menos do que o 1 gigawatt diminuído da demanda da energia gerada por fontes convencionais”, diz Matthew Oliver.
“Uma estimativa precisa desse efeito rebote deve ser considerada nas previsões de demanda de eletricidade, para que o sistema de energia se adapte de forma eficiente à proliferação contínua dessa tecnologia.”
Já para Daniel Matisoff , os resultados também servem para os formuladores de políticas pensarem se os subsídios estão devidamente ajustados ao benefício que fornecem.
“Se estamos gastando dinheiro público para compensar carvão ou gás, precisamos saber o quanto a geração solar subsidiada compensa a energia mais suja, e quanto disso é consumo novo”.
Fonte: Fotovolt
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