O preço do botijão de gás, assim como o de todos os itens básicos, subiu muito nos últimos meses e atualmente consome nada menos do que 40% da renda das famílias mais pobres no Brasil.
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Como soluções por parte do governo estão longe de resolver isso, o jeito foi usar a criatividade e improvisar: pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) inventaram um “fogão solar”, a partir de sucata, espelhos e outros materiais de baixo custo.
“Fogão solar” só funciona satisfatoriamente em boas condições solares, das 9h às 14h
O aparelho foi montado pelo engenheiro Mário César de Oliveira Spinelli, a partir de uma chapa com fibras de madeira, espelhos e uma combinação de resina sintética com malha de ferro.
A ideia é transformar a radiação solar em calor, criar um efeito estufa e usar esse aquecimento ferver água, cozinhar, secar ou assar alimentos.
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A invenção foi realizada ao lado de outros colegas e do professor Luiz Guilherme Meira de Souza, que coordena o laboratório de máquinas hidráulicas no curso de Engenharia Mecânica da UFRN.
Um dos protótipos que custou R$ 150 — o equivalente a carga de dois botijões tradicionais — assou nove bolos ao mesmo tempo em uma hora e meia.
Vale lembrar que, claro, como depende do sol, o “fogão solar” só funciona satisfatoriamente em boas condições climáticas, das 9h às 14h, e exige cuidados com o manuseio, como o uso de óculos escuros para que a luz não reflita nos olhos.
A Universidade de Sergipe já conseguiu levar o conceito para algumas comunidades pobres, mas ainda há grande resistência nos grandes centros, devido ao desinteresse político, industrial e até acadêmico.
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"A energia solar é social porque está disponível para todos, mas é a que menos tem investimentos porque o modelo de sociedade que nós temos sempre busca concentrar a energia e produzir para vender e nosso trabalho não está na geração de energia para vender", diz o professor Luiz Guilherme.
Infelizmente, iniciativas como essa não se multiplicam em comunidades pobres porque não há bolsas e pesquisas para financiar tecnologia social.
Os “fogões solares” foram custeados pelo próprio professor e das bolsas dos alunos. Aliás, muitos pesquisadores da área acabam migrando para outras searas, onde há mais incentivo financeiro, como o petróleo.
Foi o que aconteceu com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que era a maior referência de energia solar no Brasil.
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"Lá tem pesquisadores de grande nome, de grande potencial nessa linha. Muitos deles migraram para outras áreas. Fazer pesquisa para pobre não dá dinheiro", lamenta Luiz Guilherme.
Fontes: BBC Brasil/Josi Gonçalves
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